Ipaam adota uso de tecnologia geoespacial para combate a ilícitos ambientais

Neste segundo semestre do ano, o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) intensificou o uso de ferramentas geotecnológicas (geoprocessamento, sensoriamento remoto e banco de dados espacial) para identificar e combater crimes ambientais no estado do Amazonas.

Sensoriamento remoto é o conjunto de técnicas que permite obter informações da superfície da terra à distância, através de sensores remotos instalados a bordo de satélites artificiais colocados em órbita da terra. Em um estado com dimensões continentais como o Amazonas (aproximadamente 1,5 milhão de quilômetros quadrados), o uso dessa tecnologia torna o trabalho de monitoramento e fiscalização mais eficaz.

De acordo com o gerente da Gerência de Geoprocessamento do Ipaam, José Luiz Nascimento, a metodologia adotada pelo órgão cria um cenário onde é possível identificar e mapear as áreas onde ocorrem esses crimes, principalmente o desmatamento ilegal e queimadas, muito comuns à época do verão amazônico.

“O uso dessa tecnologia permitirá identificar e mensurar a área que está sendo diretamente afetada, e o cruzamento das informações através de SIG (Sistema de Informações Geográficas) irá revelar o nome e demais informações do infrator e localização geográfica de onde ocorreu o ilícito. A partir disso, será possível autuar os responsáveis e tomar as medidas administrativas cabíveis.” disse.

Bases georreferenciadas – Para obter as informações necessárias sobre os infratores e o imóvel, o Ipaam utilizará as bases georreferenciadas de órgãos gestores no âmbito do Estado e da União, como a base do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar), do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), do Sistema de Gestão Fundiária (Sigef), do Instituto Nacional e Reforma Agrária (Incra) e a base de dados espacial do Ipaam, que contém os polígonos georreferenciados de processos objeto de licenciamento ambiental.
Nascimento explicou ainda que essa técnica só está sendo possível devido à disponibilização, atualmente, de imagens de satélite com maior resolução espectral e temporal. A equipe da gerência, que está trabalhando na implantação do banco de dados, está fazendo um comparativo com os quatro anos anteriores. “Nós baixamos imagens de satélites multiespectrais de alta resolução (Sentinel 2) para os diversos períodos analisados para atestar ao infrator, no ato da autuação, a cobertura florestal da área antes e como está depois de desmatada”.

Números preliminares dessa análise já revelam que 46,92% de 4.987 alertas de desmatamento (DETER), para o ano de 2019, já tiveram o nome dos infratores identificados através do cruzamento destes dados.

Fiscalização – O diretor-presidente do Ipaam, Juliano Valente, relatou que essa nova tecnologia irá minimizar o trabalho da equipe de fiscalização na hora de ir a campo, considerando que os infratores passarão a ser autuados remotamente.

“Com o período da seca, as nuvens se propagam e o satélite consegue imagear melhor a superfície, ficando mais acessível à obtenção de imagens com pouca cobertura de nuvens, e, com isso, é possível detectar de maneira mais eficaz os focos de calor e desmatamento” disse. “Vale ressaltar ainda que o Ipaam, em conjunto com a Universidade de Lavras (MG), está desenvolvendo um sistema para identificação de desmatamento. O SID-Sistema de Identificação de Desmatamento irá fazer a classificação automática de imagens de satélite e gerar alertas para Gerência de Fiscalização do Ipaam”, finalizou o diretor-presidente do Ipaam.

Como denunciar? – Os crimes ambientais podem ser denunciados ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) por meio dos telefones (92) 2123-6715 e 2123-6729, das 8h às 17h, ou pelo (92) número 98455-7379 (WhatsApp).

Além disso, as denúncias podem ser registradas pessoalmente na sede do Ipaam, localizada na avenida Mário Ypiranga, 3.280, Parque Dez, zona centro-sul de Manaus, ou pelo e-mail denuncia@ipaam.am.gov.br. No interior, os casos podem ser denunciados às secretarias municipais de Meio Ambiente.

FOTOS: RICARDO OLIVEIRA/IPAAM